PEC da Segurança Pública ignora potencial dos municípios, aponta coronel Paulo Henrique sobre caso de Niterói

PEC da Segurança Pública ignora potencial dos municípios, aponta coronel Paulo Henrique sobre caso de Niterói
Redação: Factho | Foto: Factho | Coronel Paulo Henrique alerta: PEC da Segurança Pública ignora papel fundamental dos municípios e perde chance de combater violência de forma eficaz

Em meio ao debate nacional sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública, o coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes, mestre em Justiça e Segurança pela UFF, destaca que a proposta foca excessivamente em corporações policiais, deixando de aproveitar o potencial dos municípios no combate à violência. Como exemplo, ele cita o caso de Niterói, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que conseguiu reduzir significativamente os índices de violência por meio de programas municipais integrados.

Segundo o especialista, pesquisas recentes indicam que 29% dos brasileiros consideram a segurança pública o principal problema do país. A PEC, elaborada pelo Ministério da Justiça, propõe principalmente a reorganização e fortalecimento das instituições policiais, mantendo uma estrutura semelhante à vigente. Uma novidade é o estímulo à atuação das Guardas Municipais, porém, essa medida é considerada insuficiente para a complexidade do problema.

“Reduzir a segurança pública à criação de Guardas Municipais é um desperdício de potencial, pois a segurança envolve um conjunto amplo de ações, que vão desde educação, cultura, urbanismo até políticas sociais”, afirma o coronel Moraes.

Ele explica que, em Niterói, a taxa de homicídios dolosos, que em 2015 era próxima à da capital fluminense, caiu mais de 60% entre 2018 e 2024. Isso graças ao “Pacto Niterói contra a Violência”, conjunto de 19 programas que englobam desde reforço no policiamento e tecnologia, até ações socioeducativas nas escolas e geração de renda para jovens.

O sistema de “cercamento eletrônico” implantado em 2019 e a atuação conjunta da Polícia Civil, Militar e Guarda Municipal contribuíram para o controle dos roubos, que também tiveram quedas expressivas, tornando Niterói uma das cidades mais seguras da Região Metropolitana.

Para o coronel, esse modelo municipal integrado é um exemplo para todo o país e deveria ser mais valorizado pela PEC. “Cada prefeito conhece sua realidade local e pode desenvolver políticas eficazes de prevenção à violência, que vão muito além da atuação policial”, conclui.

O debate sobre a PEC da Segurança Pública segue em Brasília, enquanto cidades como Niterói mostram caminhos promissores para a redução da violência no Brasil.

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